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Fuvest: Romanceiro Da Inconfidência
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Autor: Cecília Meireles
Movimento literário: Modernismo – segunda fase
Estilo: No que se refere à poesia lírica, pertence à vertente neossimbolista, ou seja, que resgata características do Simbolismo (XIX), com interesses em temas espiritualistas e existenciais. Poesia com forte apelo à musicalidade e ao uso de métrica.
Romanceiro da Inconfidência (1953): Constitui a incursão de Cecília Meireles no campo histórico ao trabalhar a temática da Inconfidência Mineira (1789), fruto de uma década de pesquisa e envolvimento da poeta.
Estrutura: Vasta obra poética composta de quase uma centena de romances não lineares (forma de composição poética de tradição ibérica e de origem popular). O poema explora tanto a vertente lírica quanto narrativa, por meio de vários esquemas rímicos e estróficos.
Tempo: Um pouco antes e um pouco depois de 1789, data da Inconfidência Mineira.
Espaço: Vila Rica, atual Ouro Preto, em Minas Gerais, com referências à Portugal.
Principais personagens históricos:
Chica da Silva
Escrava amante de João Fernandes, rico contratador de diamantes, tornou-se famosa pelo poderio que exerceu no distrito mineiro de Diamantina. Vestia-se como uma rainha e estava sempre coberta de joias; tratava os portugueses com desprezo.
Cláudio Manuel da Costa
Poeta mineiro, natural de Mariana, formou-se em Direito, em Coimbra. Foi preso sob acusação de ser um dos participantes da Inconfidência Mineira. Supostamente, suicidou-se na prisão.
Inácio José de Alvarenga Peixoto
Poeta brasileiro nascido no Rio de Janeiro. Casado com a poeta Bárbara Eliodora, é considerado um dos principais chefes da Inconfidência em Vila Rica. Morreu no degredo, em Angola
Joaquim José da Silva Xavier
Conhecido como Tiradentes, nasceu em Minas Gerais em 1746. De simples alferes passou a líder da Inconfidência Mineira, tendo sido o único revolucionário a ser condenado à forca e, posteriormente, esquartejado. Propagou ideais libertárias e buscou o apoio das forças armadas. É o mártir da Inconfidência.
Joaquim Silvério dos Reis
Militar português, denunciou ao Visconde de Barbacena, governador da Capitania de Minas Gerais, a Inconfidência Mineira, à qual anteriormente fingira aderir. Como prêmio, recebeu o perdão de sua dívida com a Fazenda Real, para a qual devia vultosa quantia.
D. Maria I
Rainha de Portugal, filha de D. José I, subiu ao trono em 1777 por ocasião da morte do pai. Aportou no Brasil em 1808 e aqui morreu em 1816.
Marília
D. Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, jovem de 15 a 16 anos, pertencente a uma das melhores famílias de Vila Rica. Era noiva do poeta Tomás Antônio Gonzaga, que lhe dedicou belos versos do poema Marília de Dirceu.
Tomás Antônio Gonzaga
Poeta português, participou da Inconfidência Mineira. Solteiro e com mais de 40 anos, conheceu Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a quem imortalizou na sua obra Marília de Dirceu. Foi preso em 1789 e remetido para a Ilha das Cobras, na África.
Ação do poema: Os romances são sustentados por um tênue veio narrativo, alinhavando os fatos históricos àqueles difundidos pela imaginação popular e pela pesquisa da poeta. A narração é feita em pequenos romances ambientados em Vila Rica (atual Ouro Preto, cenário da mineração e de Inconfidência), local onde se articula o movimento revolucionário, mesclados às notações líricas e às reflexões existenciais. A poeta marca a ambição da coroa portuguesa como fundamento da conjuração mineira: o ouro, a cobiça, o ódio, a inveja e os tributos altos circulam pelo arco temático do poema. Um dos pontos altos da narrativa lírica é a denúncia da conspiração, asseverando o ato da traição como ignóbil. O clima torna-se tenso, a conspiração encontra seu triste final em maio de 1789. É o grande momento para o Tiradentes. A figura central do episódio é lapidada a partir de belas imagens, em que sobressaem seus ideais liberais, cujas doutrinas foram a ele passadas por mãos cultas que participaram do movimento histórico. Os inconfidentes são presos e condenados, têm seus bens confiscados e postos em leilão. O suicídio de Cláudio Manuel da Costa é cercado de mistério, favorecendo a formação de uma lenda em torno do movimento. O líder Tiradentes é enforcado. Entre o suicídio de Cláudio Manuel da Costa e o martírio de Tiradentes, Cecília Meireles coloca uma série de romances dedicados a Gonzaga, momento em que ela mesma faz reflexões sobre as expectativas dos líderes da Inconfidência, sobre o futuro nada aprazível que os esperava. A conclusão do Romanceiro da Inconfidência é dada pelo arrependimento, loucura e morte de D. Maria, que imprime uma espécie de justiça poética para a lógica do poema. Como o poema tem estreita relação com dados históricos, é absolutamente necessário conhecer sobre a Inconfidência ou Conjuração Mineira (Minas Gerais, 1789), bem como perceber o caráter narrativo e lírico dos romances.