<img height="1" width="1" style="display:none" src="https://www.facebook.com/tr?id=277882379290217&amp;ev=PageView&amp;noscript=1">

Fuvest: Canção para ninar menino grande

Canção para ninar menino grande

Canção para ninar menino grande

Autor: Conceição Evaristo

Movimento literário: Pós-modernismo (literatura brasileira contemporânea)

Autora: Conceição Evaristo (1946) nasceu em Belo Horizonte (MG), em uma família pobre e numerosa, sendo a segunda de nove irmãos. Criada na periferia, trabalhou como empregada doméstica e concluiu os estudos regulares aos 25 anos, tendo sua mãe como principal incentivadora da leitura.

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1973, onde passou em um concurso público para o magistério, e, anos depois, ingressou no curso de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela estreou na literatura em 1990, com obras publicadas na série Cadernos Negros.

Mestre em Letras e Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutora em Letras e Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense, foi eleita, em 2024, para a cadeira de número 40 da Academia Mineira de Letras, sucedendo a escritora e professora Maria José de Queiroz.

 

Movimento literário: Pós-modernismo (literatura brasileira contemporânea)

 

Estilo: Fiel aos princípios da “escrevivência” – conceito com o qual costuma traduzir a sua maneira de pensar a literatura –, a autora desafia os limites entre ficção e realidade, dando forma a personagens e situações que, embora possam ter sido baseados em vivências reais, mostram-se permeáveis à fabulação literária.

A criação de termos compostos pelo recurso da hifenização – como “corpo-água” e “moça-dádiva” – amplia o alcance poético da linguagem e realça a carga simbólica das personagens, cujos nomes, escolhidos de maneira cuidadosa, revelam aspectos de sua personalidade.

 

Canção para ninar menino grande (2022)

Resumo: Fio Jasmim, homem sedutor e mulherengo, envolve-se com diversas mulheres ao longo da vida, em relacionamentos duradouros (com a esposa Pérola e a amante Juventina) e casuais (com Neide, Angelina, Aurora, Antonieta, Dolores e Dalva), até que a amizade genuína e amorosamente desinteressada com Eleonora, uma mulher lésbica, o faz tomar consciência de sua fragilidade emocional, seu vazio interior e sua solidão.

Essa tentativa de investigar e compreender melhor a interioridade masculina é levada a cabo por uma narradora feminina, que se impõe a missão de dar voz a todas as mulheres que passaram pela vida de Fio.

 

Tempo: Ainda que a obra faça menção à Companhia Ferroviária Nacional, para a qual Fio Jasmim trabalha, a ausência de marcações cronológicas precisas confere à história um tom de parábola atemporal, permitindo que a autora apresente tanto temáticas prementes de nosso tempo – como a falta de planejamento familiar, a precariedade da educação sexual, a irresponsabilidade paterna, entre tantas outras – quanto questões que atravessam a história, com raízes no passado e implicações para o futuro.

 

Importância da obra: A partir de uma abordagem que se poderia afirmar interseccional, Conceição Evaristo articula literariamente questões de raça, gênero e classe, empenhando-se na desconstrução de estereótipos e na criação de personagens que não se prestam a vitimizações.

A notável capacidade de fabulação da escritora, que remonta à tradição oral dos “contadores de história”, engendra figuras humanas cativantes em sua complexidade, transitando entre a crueza do mundo real e a magia própria da ficção.