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Unicamp: Casa Velha
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Autor: Machado de Assis
Movimento literário: Realismo – Gênero: Prosa
Sobre o autor: Machado de Assis, nascido no Rio de Janeiro em 1839, foi romancista, contista, cronista, dramaturgo, poeta e figura central da Literatura Brasileira.
Movimento Literário: Realismo – Gênero: Prosa.
Casa Velha (1885): publicada originalmente em 25 episódios na revista carioca A Estação, entre janeiro de 1885 e fevereiro de 1886, a novela só veio a ser reeditada em 1944, deixando muitos questionamentos sobre o motivo pelo qual o autor, Machado de Assis, não a transformou em livro. Algumas considerações sugerem que a obra possa ter sido um texto engavetado, escrito em época anterior e utilizado por Machado para cumprir seus compromissos editoriais com a revista. O enredo, as estratégias narrativas, os temas e o estilo literário de Casa Velha aproximam-se dos romances da primeira fase do escritor. No entanto, há quem argumente que a obra contém um leque de alegorias e sutilezas irônicas, além da representação metafórica do contexto social da época, condizentes com a forma de expressão do autor em sua segunda fase.
Tais constatações, em vez de lançarem dúvidas sobre a qualidade da obra ou questionamentos sobre seu grau de importância dentro do conjunto da produção do autor, só fornecem estímulo à leitura e à compreensão de que Machado pouco se filiou aos esquemas estilísticos de seu tempo, transgredindo e inovando em busca de autenticidade – o que confere tamanha originalidade a seus escritos.
A obra Casa Velha entrelaça história, política e realidade social. A trama se passa em uma antiga casa aristocrática, pertencente a um ex-ministro de Dom Pedro I, em meio ao turbulento contexto das Regências em 1839. Com um olhar crítico, agudo e irônico, Machado de Assis revela, nas sutilezas da trama, as conformações daquela sociedade clientelista, mantida pela engrenagem patriarcal e pela forte presença da igreja católica, marcada pela economia escravista e pela manutenção do status quo de uma elite conservadora. A obra retrata com precisão as relações de favor e a permeabilidade entre o público e o privado que caracterizavam a época.
Tempo: o narrador-personagem, um antigo cônego da Capela Imperial, relembra em data posterior e incerta os eventos ocorridos em 1839, mais especificamente a partir do mês de fevereiro daquele ano até meados do mês de agosto, aproximadamente, quando contava 32 anos.
Espaço: Rio de Janeiro.
Personagens principais:
- Cônego: narrador da história, é clérigo da Capela Imperial. Apesar de não ter dons literários ou para púlpito, interessa-se pela história política.
- Lalau (Cláudia): é uma jovem órfã de dezessete anos, bela , altiva e independente. Vive com uma tia, mas passa longos períodos na Casa Velha, onde era tida como agregada e tratada como filha por Dona Antônia.
- Félix: é filho de Dona Antônia e do ex-ministro. Jovem e promissor, ele tem um futuro brilhante pela frente.
- Dona Antônia: herdeira da aristocrática família Quintanilha, foi casada com o ex-ministro, por quem nutria grande adoração.
- Coronel Raimundo: é um parente de D. Antônia e antigo conviva da Casa. Amigo íntimo do ex-ministro, ele desempenha um papel importante na trama.
- Sinhazinha: Vinda do Rio Grande do Sul, é neta de baronesa e herdeira de fazendas. É uma bela moça que desperta o interesse dos personagens masculinos.
- Vitorino: Filho do segeiro e de origem humilde, é um rapaz trabalhador e esforçado.
Importância da obra: Apesar de não ser muito conhecida, Casa Velha surpreende aqueles que se deparam com essa desconhecida novela do autor de Dom Casmurro. Na leitura atenta da obra, é possível perceber uma variedade de temas reveladores da profundidade com que Machado interpretava a realidade do país. A “casa velha” é a metáfora das estruturas inabaladas do Brasil escravagista, monárquico, velho e patriarcal do século XIX. Esse retrato da sociedade, analisado com o olhar aguçado, crítico e profundo do autor, não pode ser considerado uma obra menor dentre as criações machadianas.