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Unicamp: A vida não é útil
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Autor: Ailton Krenak
Movimento literário: Pós-Modernismo – prosa contemporânea
Autor: Ailton Krenak iniciou sua atividade como ativista e ambientalista na década de 1980, integrando a União das Nações Indígenas e organizando a Aliança dos Povos da Floresta. Parte de uma geração do movimento indígena brasileiro que contribuiu decisivamente para os rumos da política nacional, o autor tem colaborado com diversas iniciativas culturais e acadêmicas ligadas aos povos indígenas do Brasil, tornando-se referência no debate público sobre o assunto.
Movimento literário: Pós-Modernismo (Prosa contemporânea).
Estilo: Ao longo dos textos do livro, Krenak transita livremente por uma série de campos do conhecimento. Costurados ao ritmo próprio de uma conversa, os assuntos são trabalhados em prosa limpa e fluente, pontuada por recursos retóricos como a metáfora e a ironia.
O povo Krenak: Grupo indígena que habita uma reserva de quatro mil hectares na região do médio Rio Doce, no Leste de Minas Gerais. Originalmente coberta pela Mata Atlântica, a área foi severamente impactada, no decorrer do século XX, pela construção da estrada de ferro Vitória-Minas e pelo avanço da atividade mineradora. Em novembro de 2015, o território Krenak sofreu um forte abalo pelo rompimento de uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco, no município de Mariana.
A vida não é útil (2020): os cinco textos reunidos no volume são adaptações de palestras, entrevistas e lives realizadas entre o final de 2017 e meados de 2020 – a maior parte delas no início do período da pandemia da Covid-19, no primeiro semestre de 2020. Na época, o Brasil e o mundo viam-se obrigados a lidar não apenas com os riscos decorrentes da rápida transmissão do vírus SARS-CoV-2, que vitimaria milhões de pessoas ao redor do globo, mas também com a experiência inédita do confinamento e as dúvidas a respeito das transformações que o evento sanitário poderia acarretar para o futuro. No que diz respeito à pandemia, o posicionamento de Krenak expresso nos textos tende a considerar o momento de crise como uma oportunidade de reflexão sobre a reconfiguração do nosso modo de vida e sobre as transformações necessárias em nossa sociedade.
Panorama dos textos: Em geral, os textos procuram questionar conceitos aparentemente bem estabelecidos, como as noções de “humanidade” e “civilização”, a partir de uma crítica aos valores de uma sociedade capitalista que, baseada no ideal de progresso, nos avanços tecnológicos e no estímulo ao consumismo, se revelaria cada vez mais insustentável. Como uma espécie de antídoto contra essa “doença” da civilização, a sabedoria ancestral dos povos originários assente em uma cosmovisão própria, que ressalta o senso de comunhão com a natureza, ensinaria aos cidadãos imersos no individualismo a importância de resgatar uma dimensão coletiva da existência. Recobrar a consciência da fragilidade e precariedade humana, assim, seria o caminho para reorientar eticamente o nosso modo de estar no mundo.