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Fuvest: Nove Noites
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Autor: Bernardo de Carvalho
Movimento literário: Pós-modernismo – Tendência da prosa contemporânea.
Estilo: Autor contemporâneo, faz uso de técnicas pós-modernistas como a metaficção, a autoficção e a mistura de gêneros literários, em uma prosa direta e ágil, com referências a outros campos do saber, como a antropologia e a etnologia.
Nove noites (2002): Romance altamente contemporâneo, usa recursos da literatura pós-moderna e que visa embaralhar rótulos e procedimentos da ficção mais tradicional: realidade e invenção são trabalhadas de forma paralela, uma encobrindo a outra.
Narrador: O romance tem 19 capítulos numerados com cardinais, com alternância entre um narrador que aparece grafado em itálico (Manoel Perna, que faz as vezes de narrador-sertanejo, em uma narrativa em primeira pessoa), que, por meio de relatos, mistura-se à voz de um jornalista, narrador-personagem, que busca investigar e entender as circunstâncias da morte de Buell Quain. O relato feito por Perna é o registro de nove noites de conversas e revelações com Buell Quain, saindo desse convívio o título do romance.
Tempo: Tempo presente da narrativa, com referências à 1939, por meio de cartas e documentos.
Espaço: Carolina, cidade do Maranhão, Estados Unidos e Rio de Janeiro.
Personagens:
Buell Quain: antropólogo americano que se suicida durante uma estada entre os índios krahô em 1939. Personagem histórica.
Manoel Perna: amigo e confessor de Buell Quain. Personagem fictícia.
Jornalista/Pesquisador: Que busca esclarecer as circunstâncias da morte de Buell Quain.
Personagens históricos: Há uma galeria de antropólogos, políticos e professores na trama do romance.
Enredo: O enredo ocupa-se em narrar uma investigação de um fato ocorrido em 1939, o misterioso suicídio de um antropólogo americano, Buell Quain, durante uma estada entre os índios krahô. Morte violenta e inexplicável, repleta de ambivalências: em plena floresta, Quain, sem motivações explícitas, cortou-se e enforcou-se diante de dois índios que o acompanhavam na volta para a civilização, ou seja, para a cidade de Carolina, e que ficaram receosos de levarem a culpa. A partir desse acontecimento, o romance transita entre o romance-reportagem e o romance-policial, ao construir um painel, a partir de várias visões, sobre o entorno que envolvia Quain, inclusive com acontecimentos da própria vida do autor, ponto em que realidade e ficção se fundem. Tal procedimento adensa a trama de autoficção da narrativa, que prima por misturar eventos verídicos à vida pessoal de Carvalho. Desse modo, aquilo que seria uma reportagem, passa a criar tramas em que já não é mais possível distinguir o fato e a imaginação, com a supremacia da ideia de que tudo seja mesmo literatura. Nesse sentido, a própria verdade da produção histórica é relativizada, borrando-se os limites entre história e ficção. O fechamento da narrativa cria uma espécie de desistência do jornalista em conseguir encaixar todos os fatos, ensejando a percepção da superioridade do mistério e do desconhecido em relação à verdade histórica.