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Fuvest: Campo Geral
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Autor: Guimarães Rosa
Movimento literário: Modernismo brasileiro – terceira fase
Estilo: Criador de uma espécie de regionalismo universal, que narra temas essenciais como: amor, deus, diabo, vingança; emoldurados pelos espaços, e pelos costumes do sertão mineiro. Mistura dicção popular e erudita por meio de uma linguagem com muitos neologismos, usando muitos recursos poéticos.
Campo geral (1956): Novela que capta a perspectiva de Miguilim, uma criança que morava com sua família no Mutum. Espécie de retrato da infância (com referências autobiográficas) o texto revela com grande lirismo a força mágica desse período de formação e descobertas.
Narrador: Narrado em terceira pessoa onisciente a ação é organizada apenas pelo ponto de vista de Miguilim, um garoto delicado, atento e sensível, que observa a mãe, o pai, os irmãos, o tio, a avó e os agregados, e, dessas relações, emana o mundo interior da criança, que faz com que a narrativa tenha muito de expressão poética.
Tempo: Prevalece a construção de um tempo psicológico, uma espécie de tempo imóvel que coloca em relevo o espaço de Mutum e seus moradores.
Espaço: Mutum, remoto lugarejo no sertão. Essa palavra é um palíndromo. Tal grafia, MUTUM, representa o próprio espaço, já que este ficava junto a um covão (U), entre morro e morro (M e M).
Personagens:
Miguilim: Menino com grande sensibilidade, de cabelos pretos como a mãe. Muitas de suas dificuldades revelam-se, no final, como causada por uma irritação visual.
Dito: Irmão mais novo, porém sabia ser responsável. Ruivo. Morreu de tétano.
Nhô Bero (Bernardo Caz): pai de Miguilim, homem rude, não conseguia expressar afeto facilmente.
Tio Terês: tio e amigo de Miguilim.
Tomezinho (Tomé de Jesus Casseim Caz): Ruivo, como o pai, menino de quatro anos irmão de Miguilim.
Nhanina, mãe de Miguilim: Não gostava do Mutum, terá relações extraconjugais.
Vovó Izidra: Vestia-se sempre de preto e defendia Miguilin.
Chica: irmã de Miguilim, tinha os cabelos pretos como a mãe.
Liovaldo: irmão mais velho de Miguilim, morava fora de Mutum.
Mãitina: preta velha, empregada da casa, cultuava rituais africanos.
Drelina: Maria Adrelina Cessim Caz, irmã mais velha de Miguilim.
Luisaltino: empregado contratado por Nhô Bero, que vai assassiná-lo por ele por ciúme, já que havia sido amante de Nhanina.
Saluz: vaqueiro de Nhô Bero.
Enredo: Os principais temas da narrativa são o amor, a amizade, a violência e a fé, vistos por Miguilim, que tem uma intensa relação afetiva com a mãe e dificuldades de relacionamento com o pai, que se adensam durante a narrativa, melhorando apenas depois que Miguilim fica doente e se restaura, fazendo com que o pai passe a brigar menos com ele. Além disso, a novela mostra uma galeria de personagens que passam por Mutum, bem como a vivência com os irmãos, a avó e o tio, o qual ganha destaque a relação com o irmão Dito que morre de tétano, obrigando Miguilim a crescer diante dessa tragédia. A novela possui uma nota alegórica em seu encerramento: quando Dr. José Lourenço chega a Mutum e descobre que Miguilim era míope, fazendo com que o garoto use óculos pela primeira vez, e por isso ele passa a ver um mundo mais nítido (como se o visse pela primeira vez ou a chegada de outro ciclo, metáfora do amadurecimento e da chegada da vida adulta). Isso permite que Miguilim parta para a cidade e possa adentrar outro universo mais amplo, em uma narrativa de formação, que mostra toda a poesia e a beleza da infância. O final da novela deixa os fios narrativos soltos, possibilitando várias abordagens e interpretações.