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Fuvest: Água funda

Água funda

Água funda

Autor: Ruth Guimarães

Movimento literário: Modernismo – terceira fase/ Regionalismo

Autora: Ruth Guimarães (1920–2014, Cachoeira Paulista, SP) foi escritora, tradutora, folclorista e professora. Em 2008, ingressou na Academia Brasileira de Letras, tornando-se a primeira mulher negra a conquistar essa distinção. Orgulhava-se de ser neta de “contadeira” de histórias.

Características:

Enredo: Água funda retrata a vida de Sinhá Carolina, proprietária impiedosa, no universo escravocrata de sua juventude, passando pelo casamento e viuvez, bem como pelo cotidiano na fazenda. Em seguida, após vender suas terras, vive uma história romântica com um jovem capataz que foge com todo o dinheiro, tornando Sinhá Carolina uma andarilha imersa na loucura. Na sequência, surge outra personagem importante: Curiango –sobrinha-neta de Carolina – que se casa com Joca, porém, já em um contexto de empobrecimento e sem a antiga distinção financeira de antes, mostrando a derrocada da família. Na segunda parte da narrativa, Joca – representante do trabalhador rural, tropeiro e foguista – torna-se protagonista, com grande ênfase à cultura caipira, estabelecendo-se a passagem entre a escravidão e o trabalho livre. Joca, também acaba enlouquecendo ao sair em busca da Mãe do Ouro, personagem folclórica da região e que propicia elementos fantásticos à narrativa. Vale notar a simetria da loucura entre Sinhá Carolina e Joca como processo de privação dos caracteres interioranos.

Visão geral do romance:

  • Primeira parte do romance – Capítulo de I ao III: Conta a história de Sinhá Carolina, proprietária ligada ao ambiente escravagista do final do século XIX.
  • Segunda parte do romance – Capítulo do IV ao XV: A fazenda Olhos D’Água é vendida e a fábula passa a focar na vida e nos dramas de Joca e Curiango, situados na base da pirâmide social, durante as primeiras décadas do século XX.

EstiloMescla o uso de ditados populares, a apresentação inventiva da fala caipira carregada de oralidade – oriunda das tradições indígenas e africanas –, por meio das expressões dos matutos.

Foco narrativo: Terceira pessoa onisciente. O(a) narrador(a) é anônimo(a) e resulta, por acumulação, do imaginário do caipira, podendo ser relacionado como uma espécie de alter ego de Ruth Guimarães.

Tempo: A narrativa perpassa o final do século XIX e o início do século XX, notadamente a transição do trabalho escravagista para o trabalho livre.

Espaço: O espaço do romance é a fazenda Nossa Senhora dos Olhos d’Água, na cidade de Pedra Branca, em uma região entre o sul de Minas e o eixo paulista do Vale do Paraíba.

Importância da obra: Retrata de forma fidedigna a vida do caipira, caracterizado por sua linguagem e por suas tradições, em um pungente relato humano. Atualmente, o romance é tido como um dos mais importantes do século XX em língua portuguesa.